24 junho 2005

Nônô.

Hoje, sentei-me no [meu] parapeito. Depois de... muito tempo.
Levei um lápis na mão. E desenhei um sol e uma flor e um coração e um princípe. E escrevi 'Rita' com uma pintinha no 'i' muito redondinha...
Uma perna cá. E outra lá. E bastava-me escolher: cá em baixo ou lá em cima.
Apeteceu-me atirar-me, só para saber se lá em baixo estaria mesmo um trampolim à minha espera.
Ou saltar em direcção a um fio de electricidade e deixar-me ficar presa com as mãos, com as pernas a baloiçar...
As músicas a tocarem. Umas a seguir às outras.
E eu a olhar para as minhas meias às ricas. Verdes e cor-de-rosa.
Um senhor a passar lá em baixo, numa bicicleta. Um cão a correr até ao fim da rua. E três gatinhos pequeninos a bricarem no meio das flores...
Lá em cima, um céu tão bonito... E uma estrela. Ela.
Cantei-Lhe uma canção. E olhei-A, no meio daquele céu às cores.

Tira-me de mim..

No fim, disse-Lhe:
' Nônô, um dia a mamã vai buscar-Te. '

20 junho 2005

« Quem não quis saber, tirou a mão... e partiu. »

Gostava de me poder ver a adormecer. De me sentar na cama, quando já só há o escuro, e ficar a olhar-me.
Gostava de saber se adormeço a sorrir naqueles dias em que se fecha os olhos e se vê uma praia. Muita areia e as ondas a morrerem.
Quando os olhos se fecham, Tu estás sempre atrás. Ao fundo. E eu aproximo-me.
Tens uns óculos escuros, que eu faço questão de fazer desaparecer.
Com o som das ondas. E a areia nos nossos pés. Os cabelos a esvoaçarem. [Teus e meus...] E o vento de encontro à pele.
É sempre tudo [demasiado] lento. E nem sei se me costumo importar com isso.
Quando se fecha os olhos e se vê uma praia é tudo muito diferente...
Existes Tu, que nem sempre aqui estás... Mas que ficas sempre. Atrás. Ao fundo.
E eu nem sei se sorrio com isso.
Gostava de me poder ver a adormecer. De me sentar na cama, e ver-me feliz enquanto Te abraço. Quando os olhos se fecham...
Porque depois, passa.
Abrem-se.
E Tu... morres-me. Como as ondas.


/me on Toranja - Tempos Adversos

17 junho 2005

Bolas.

Estou, realmente, chateada!
O 'homenzinho' que trata dos computadores apagou TUDO o que eu tinha. Tudo, tudo, tudo.
Não deixou nem uma músiquinha...
Oh, que vida a minha...

[hey, a Pandora não morreu!]

08 junho 2005

' Não faria sentido seguir para trás do arco-íris sem ela... '

Foi quando ela se dirigiu ao parapeito e não a encontrou lá...
A janela estava aberta. As cortinas a esvoaçarem. E o parapeito... vazio.

A Pandora?

Anda depressa. Que a coração acompanha-te...
Por todos os lados. Por todos os cantos.
Olha. E sente. A ausência.
Em todos os lados. Em todos os cantos.

A Pandora?

- Está aqui o aquário, no chão...

Partido. Seco. E... vazio.
Chora. E sente.
Que a Dor é sempre mais. E insiste sempre em apertar-te, de novo, a mão. Quando não esperas.
Mais. E mais.
A Dor. Da Ausência. Aqui, para a sentires.
Para chorares. Porque as lágrimas servem para se deitarem fora.

A Pandora morreu.

Não pares. Desprende-te dela. Arranca a mão dela da tua... Nem sempre é preciso deixá-la ficar.

E ela moveu-se. E andou. E foi até junto do parapeito, de novo.
Olhos. Vermelhos. E molhados.

A Pandora morreu.

- Está aí!

A Pandora morreu.

E mexeram-se.
As duas.
Ela. E a Pandora.



/me on The Gep Up Kids - Out of Reach

04 junho 2005

Agora... ou mais logo.

Eu queria Alguém.
Hoje.
Agora... ou mais logo.

E uma margarida. E uma papoila. E um bem-me-quer, que não fosse mesmo mal-me-quer...
Eu queria um limão, na minha mão. E uma laranja. E uma maçã, verdinha.
Queria cerejas e mais cerejas! Que condizem com beijinhos...

Eu só queria beijinhos. Nas bochechas e no nariz. Na testa e na mão.
Um beijinho na mão. Dum príncipe. Ou dum sapo.
Uma coroa e uma nuvem. Cor-de-rosa.

Eu queria mãos. E mãos, e mãos, e mãos.
E lábios.

Queria um abraço. Sentido.
Um colinho macio. Onde pudesse descansar.

Hoje.
Agora... ou mais logo.
Quando o cansaço for maior e os olhos se quiserem fechar...

Uma mão na minha. E outra nos cabelos.. Que teimam em se encaracolar.
E os dedos a percorrerem cada onda. Cada canudo desfeito...

Eu quero fechar os olhos.
E morrer. E viver.
Para sentir.

E para poder dizer:
Adeus, apatia.



/me on The Cure - Lost