27 abril 2006

Minha fada...

Encontrei o olhar da minha fada amarela preso a uma menina já crescida, no autocarro que ia em direcção à cidade.
Tinha-lhe o olhar, o ar perdido e cansado, e o sorriso (que só mostrou uma única vez, em toda a viagem).
Quis pedir-lhe para sair comigo daquele autocarro, na próxima paragem, sem fazer perguntas. E fazer-me companhia, pelo meio das árvores, em silêncio.
Mas ela só me mandou foder em pensamento, por não parar de olhar para ela.


(Minha fada, roubaram-te o olhar e o sorriso? Ou eras mesmo tu...?
Se eras, perdoa-me a indecência da minha teimosia em não parar de te olhar.
Se não eras... que se fodam eles, os estereótipos. Que nem as fadas [e as mentes esquizofrénicas, como a minha] respeitam.)

25 abril 2006

Dia não.


Há dias em que não se sente o palpitar mais acelerado do coração, com aquela lembrança mais feliz. Há dias em que o cansaço chega logo pela manhã, colado às pálpebras ainda meio adormecidas.
Amar demais. Há dias em que se ama demais. E há outros dias em que não se sente amor algum. Não se deixa de amar. Apenas se deixa de sentir o amor.
Nesses dias, só existem passeios. Passeios, sem bolas de sabão.
Nesses dias, só fazem sentido as noites escuras da cidade. As ruas desertas e geladas. Um beijo com um abraço. E uma lágrima, que nunca ninguém chegou a ver.

Nem todos os dias se ama da mesma forma.