Era uma vez uma menina chamada Maria.
Era diferente de todas as outras meninas, porque tinha uma vida feita de músicas. Era um facto estranho, perturbador e lindo, ao mesmo tempo.
Quando a Maria nasceu, soaram sinos delicados vindos ninguém-soube-de-onde. Mas, no momento em que a Maria abriu os olhos, todos os que estavam na sala os ouviram, e olharam assustados e confusos para aquela menina – linda linda linda –, ao mesmo tempo que a mãe suspirava exausta, mas feliz.
Desde o dia em que a Maria abriu os olhos, os sinos nunca mais pararam de tocar. Apenas foram mudando de tons e ritmos, à medida que a Maria foi crescendo.
Quando a Maria chorava, ouvia-se uma música forte e amarga, que parecia composta por quase uma orquestra completa. Quando a Maria ria, ouvia-se o seu riso doce acompanhado por uma música feliz e infantil, muito subtil... Quando a Maria estava triste, ouvia-se uma melodia verdadeiramente estrondosa e melancólica. Enquanto a Maria dormia, ouvia-se uma delicada canção de embalar, que lhe guardava o sono. Só quando os sons graves da canção mais se faziam notar e a Maria se mexia mais, entre os lençóis, percebíamos que estava a ter um sonho mau.
Os pais não sabiam porque tinha a Maria uma vida feita de músicas. Ninguém sabia. Nem sequer os doutores ou os mágicos. Havia quem dissesse que a Maria tinha um coração diferente dos outros corações. Um coração que tocava música. Uma caixinha de música no lugar do coração.
Todas as manhãs, quando a Maria ia para a escola com a lancheira na mão, as vizinhas, nas suas janelas, anteviam a passagem da pequena. Quando começavam a ouvir ao longe uma música de fundo doce e clara, estivesse sol ou estivesse chuva, já sabiam que aí vinha a Mariazinha – ‘Bom dia, menina-canção!’
Na escola, era difícil conseguir completa concentração. Quando a professora pedia silêncio, todos os meninos se calavam, mas a música da Maria continuava a tocar... Até ao dia em que a professora falou com os pais da menina e ela deixou de poder ir à escola.
A Maria passou a estudar em casa. A mãe ajudava-a nas composições e nas contas. Mas, apesar do amor, a Maria começou a entristecer. Os olhos começaram a ficar cada vez mais baços, assim como os sinos que a acompanhavam. Aos poucos, a sua música (o seu coração?) começou a ficar fraquinha, sem alegria... A Maria começou a desejar ser como os outros meninos.
Deixou de ver o céu cor de fogo, ao fim do dia, e os passarinhos nos ninhos. Deixou de sentir o vento limpo e fresco contra as suas tranças, e o cheiro do amendoim quente a sair do forno.
Um dia, a Maria desejou com todo o coração fazer parar a música... E, entre pequeninas lágrimas, foi perdendo as forças.
Depois desse dia, a pequenina Maria não abriu mais os olhos. E a música deixou, para sempre, de tocar...
Era diferente de todas as outras meninas, porque tinha uma vida feita de músicas. Era um facto estranho, perturbador e lindo, ao mesmo tempo.
Quando a Maria nasceu, soaram sinos delicados vindos ninguém-soube-de-onde. Mas, no momento em que a Maria abriu os olhos, todos os que estavam na sala os ouviram, e olharam assustados e confusos para aquela menina – linda linda linda –, ao mesmo tempo que a mãe suspirava exausta, mas feliz.
Desde o dia em que a Maria abriu os olhos, os sinos nunca mais pararam de tocar. Apenas foram mudando de tons e ritmos, à medida que a Maria foi crescendo.
Quando a Maria chorava, ouvia-se uma música forte e amarga, que parecia composta por quase uma orquestra completa. Quando a Maria ria, ouvia-se o seu riso doce acompanhado por uma música feliz e infantil, muito subtil... Quando a Maria estava triste, ouvia-se uma melodia verdadeiramente estrondosa e melancólica. Enquanto a Maria dormia, ouvia-se uma delicada canção de embalar, que lhe guardava o sono. Só quando os sons graves da canção mais se faziam notar e a Maria se mexia mais, entre os lençóis, percebíamos que estava a ter um sonho mau.
Os pais não sabiam porque tinha a Maria uma vida feita de músicas. Ninguém sabia. Nem sequer os doutores ou os mágicos. Havia quem dissesse que a Maria tinha um coração diferente dos outros corações. Um coração que tocava música. Uma caixinha de música no lugar do coração.
Todas as manhãs, quando a Maria ia para a escola com a lancheira na mão, as vizinhas, nas suas janelas, anteviam a passagem da pequena. Quando começavam a ouvir ao longe uma música de fundo doce e clara, estivesse sol ou estivesse chuva, já sabiam que aí vinha a Mariazinha – ‘Bom dia, menina-canção!’
Na escola, era difícil conseguir completa concentração. Quando a professora pedia silêncio, todos os meninos se calavam, mas a música da Maria continuava a tocar... Até ao dia em que a professora falou com os pais da menina e ela deixou de poder ir à escola.
A Maria passou a estudar em casa. A mãe ajudava-a nas composições e nas contas. Mas, apesar do amor, a Maria começou a entristecer. Os olhos começaram a ficar cada vez mais baços, assim como os sinos que a acompanhavam. Aos poucos, a sua música (o seu coração?) começou a ficar fraquinha, sem alegria... A Maria começou a desejar ser como os outros meninos.
Deixou de ver o céu cor de fogo, ao fim do dia, e os passarinhos nos ninhos. Deixou de sentir o vento limpo e fresco contra as suas tranças, e o cheiro do amendoim quente a sair do forno.
Um dia, a Maria desejou com todo o coração fazer parar a música... E, entre pequeninas lágrimas, foi perdendo as forças.
Depois desse dia, a pequenina Maria não abriu mais os olhos. E a música deixou, para sempre, de tocar...
11 comentários:
fez me chorar... eu gostava tanto de ser feita de musica, de coisas doces. tu es assim. e espero q nunca deixes morrer a musica,pq te faz brilhar tanto tanto.
ninguém devia calar a música.
não calem a música que eu fico sem ar.
Rita pequenina, és uma grande contadora de histórias. Há uma amiga minha que diz 'há sempre uma pessoa para falar e outra para ouvir' quando eu lhe digo 'bolas... já estou a falar de mais. diz alguma coisa.' tu contas histórias, o mundo precisa de aprender a saber 'ouvi-las'. O mundo precisa de histórias assim.
Eu preciso. e sabem-me tão bem.*
isto está confuso. mas é isso. gosto de ti. *
{quero-te no SuperBock, Rita.*}
Já te disse o que pensava sobre este texto no deviantart. Parabéns!
Tenho uma lágrima no canto do olho...
Beijinho, linda Rita.
Acho que já comentei esta tua história tão bonita no teu dA.
*sou a PinkBotton*
^^
não faz mal que não vás ao sbsr... ou melhor faz porque queria encontrar-te no meio daquele chão, outra vez. mas vamos ver-nos!, Rita. nem que eu vá ter contigo a tua casa e me perca umas quantas vezes c autocarros mas tenho uma carta para ti. e um abraço. e não venho de Lisboa sem to 'roubar'. *
(sabes o mais giro...? ter encontrado no teu blog uma menina daqui que já não vejo há muito tempo.)
beijinho,
Ana.
todos temos um pouco de Maria dentro de nós...
continuas a ter o cantinho mais saboroso de se ler e apreciar...! incrível...
um beijo
:)
:)*
Estás desafiada para o "Desafio da página 161" :)
http://paraepensa.blogspot.com/2007/06/desafio-da-pgina-161.html
Essa escrita Rita, Rita...
estou sem palavras.
a única que me ocorre é: perfeito!
Enviar um comentário