Eu devia matar esta coisinha que resolveu esconder-se dentro de mim, e que me dá dentadas no coração. Às vezes, são pequeninas... Assim só para eu sentir a ponta dos dentes afiados dela em mim. Mas, outras vezes, são grandes e dolorosas. E ela faz tanta força que eu sinto quase que o coração a romper-se, e a dor quase que me faz chorar...
Ela deixa-me esfomeada. [Neste e no outro sentido da palavra... Porque ensinaram-me que há sempre um outro sentido, também nas palavras.]
E fome, assim desta, não é coisa boa. Já ouvi falar de pessoas que morreram assim... esfomeadas.
A coisinha que se escondeu dentro de mim, se calhar, também está esfomeada. Daí as dentadas. Mas o meu coração [já] não é comestível...
É que as pontas dos meus dedos, e a minha pele, e os meus cabelos, e o meu coração... estão esfomeados. E eu tenho fome. Daquela que não passa com a tigela amarela de leite fresco e Chocapic, de todas as noites. É fome da ponta de outros dedos, e de outra pele, e de outros cabelos, e de outro coração... Se calhar, de um que também sofra de dentadas duma coisinha com dentes afiados.
Eu devia matá-la. Devia arrancar-lhe os dentes, um por um, e rir-me da sua triste figura. Ela haveria de se sentir envergonhada. E, se calhar, até arrependida. Mas eu não posso fazê-lo, não seria capaz... Se a matasse ficaria sozinha. Duma maneira ou de outra, assim, ainda estou acompanhada.
E ela faz-me mal. Às vezes, magoa-me muito. Mas, aos bocadinhos começamos a socializar-nos, uma com a outra...
Numa destas noite, enquanto eu tentava adormecer, e ela roçava os dentes afiados no meu coração, agarrei-me à minha almofada com muita força. Fiquei com medo que ela me fosse dar uma dentada daquelas que doem muito... Mas, aí, ela parou. E começou a falar baixinho, cá de dentro, comigo... Era a primeira vez que a ouvia.
Com uma voz rouca e melancólica, respondeu 'Saudade', quando lhe perguntei como se chamava...
Ela deixa-me esfomeada. [Neste e no outro sentido da palavra... Porque ensinaram-me que há sempre um outro sentido, também nas palavras.]
E fome, assim desta, não é coisa boa. Já ouvi falar de pessoas que morreram assim... esfomeadas.
A coisinha que se escondeu dentro de mim, se calhar, também está esfomeada. Daí as dentadas. Mas o meu coração [já] não é comestível...
É que as pontas dos meus dedos, e a minha pele, e os meus cabelos, e o meu coração... estão esfomeados. E eu tenho fome. Daquela que não passa com a tigela amarela de leite fresco e Chocapic, de todas as noites. É fome da ponta de outros dedos, e de outra pele, e de outros cabelos, e de outro coração... Se calhar, de um que também sofra de dentadas duma coisinha com dentes afiados.
Eu devia matá-la. Devia arrancar-lhe os dentes, um por um, e rir-me da sua triste figura. Ela haveria de se sentir envergonhada. E, se calhar, até arrependida. Mas eu não posso fazê-lo, não seria capaz... Se a matasse ficaria sozinha. Duma maneira ou de outra, assim, ainda estou acompanhada.
E ela faz-me mal. Às vezes, magoa-me muito. Mas, aos bocadinhos começamos a socializar-nos, uma com a outra...
Numa destas noite, enquanto eu tentava adormecer, e ela roçava os dentes afiados no meu coração, agarrei-me à minha almofada com muita força. Fiquei com medo que ela me fosse dar uma dentada daquelas que doem muito... Mas, aí, ela parou. E começou a falar baixinho, cá de dentro, comigo... Era a primeira vez que a ouvia.
Com uma voz rouca e melancólica, respondeu 'Saudade', quando lhe perguntei como se chamava...
/me on Enya - May it Be
11 comentários:
Era com saudade de (Te) ler que vinha aqui... vou ler-Te e voltar.
* e xi grande
Olha...
nem sei que diga!
Que lindo! que magnificamente escrita e descrita, fica assim, essa amiga-inimiga, companheira de demasiadas horas...
ouve...
há, depois, naquela viragem das horas ou naquele corrupio sem norte de algumas manhãs, um instante breve em que ela se perde de nós e se esquece de onde moramos...
é que, a Saudade, é um bocadinho tonta e meio atarantada. De tão convencida da sua matreirice, nem sempre acerta o passeio de nos levar a casa e... perde-se! Às vezes nem nós percebemos em que virar de esquininha ela ficou a olhar aquele alguém que ali ia... e perde-se.
Deixa-se a Saudade sem código postal e demora a voltar... muito muito... muito muito tempo. Talvez nem volte, talvez nem saiba como (de novo) fazer para nos apanhar!
agora é que é: xi-beijinho, linda!
E tu continuas a costurar a língua com a agulha de prata e o fio de seda
és bonita. não deixes que te morda o coração.
beijinhAs*
[gosto-te* sabes disso*]
C.
nos teus sonhos o mundo inteiro parece algodão doce
Saudade...
Como um punhado de areia,
que por mais forte k seja a nossa mão,
os seus grãos escorregam-nos entre os dedos...
Como o nevoeiro,
que nos ofusca uma caminhada,
que desaparece instantaneamente,
dividindo-se em pequenas partículas de água...
Como o fumo,
que sai de um cigarro,
que se acende por prazer,
por companhia,
por conveniência social,
e que finamente se dissipa
no ar que se entranha dentro de nós...
A saudade,
esse sentimento ambíguo,
que nos faz recordar pessoas especiais,
que nos parecem tão perto,
e de repente se desvanecem
na distância que nos separa...
Um abraço grande
apeteceu-me vir aqui deixar
um xi
:)
é ler... e doer [e espantar...e acabar por admirar.]
e ninguém perceber. e bom e mau.
e....porra.
Oh, Rita, não chega já de a provocar (à saudade, pois claro!) a nós?!
Então mas isso são férias ou dedos em greve? UHM?!!
iuuh...uuuu... onde andas? então? e que tal contar-nos coisas? escrever letras? então?
ufff...
Espero que estejas Catitinha, blogo-escritora-teen!
xis
Sim, claro, completamente. Sem dúvida... é mesmo isso que ela faz *
Gostei muito deste, e de outros textos. Acho que transmites tudo de uma meneira... sei la.
ola! bem primeiro desculpa a invasao...
segundo penso que ta tudo dito a saudade de alguem q amamos é algo q nos consome ate q deixemos d ser comestiveis é algo doloroso e penoso mas tem um objectivo serve para nos dizer que precisamos dessa pessoa ao nosso lado, conosco, qd essa pessoa vai a saudade volta e recomeça o banquete ate ao dia q a saudade morre quando quem amamos passa a viver dentro de nos nao deixando espaço para a saudade... e aí sim passamos a ser consumidos plo amor e plo carinho de quem esta dentro d nos...
um conselho: nao deixes q quem ta dentro d ti morra ou a saudade renascera para smpre e começara o banquete pela tua alma...
um olá pa ti puro e sincero de alguem k nao te cnhec pessoalmnte...escreves realmnte mt bem...
continua...
De: alguém...
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