29 agosto 2005

Exactamente nada.

Um céu às cores. Numa cidade cinzenta.
Um furo no corpo. Uma marca na pele.
Um caderno de folhas, (ainda) tão brancas... Como uma cama acabada de fazer, entre as gargalhadas duns lençóis demasiado pequenos.
Um príncipe, entre riscos. Que se começam a esquecer.
Uma noite, de estrelas. Uma noite, de insónias.
Uma voz desafinada. Duma música, de pequeninos.
Um grito, do meio das árvores. Calado por uma gargalhada estridente.
Um grito, do meio das paredes. Calado por uma lágrima gelada.
Bolas.
Um sorriso. Como uma explosão de estrelas. Cadentes e brilhantes. Quando os desejos (já) não existem.
Um sonho. E um medo.
Um corpo sem cor. Uma alma riscada.
Um coração de branco. De bom. Ou de mau.
Uma pegada esquecida. Na letra mais bonita.
Na areia. Do mar.
Uma melodia qualquer. Que já nem se sente.
O tempo. E o Tempo.
Um olhar guloso. Entre meia dúzia de palavras universais.
Um copo. E outro. E só mais um. Álcool. E mais álcool.
Que ter 16 anos é não ter nada.


/me on Enigma - Gravity of Love [e a culpa é tua*]

8 comentários:

Sr. Jeremias disse...

Pelo menos tens jeito para escreve ;)

paulo disse...

Ter 16 anos é ter a vida toda à frente; Ter 16 anos é ter mais que 15; o bushmill's de 16 anos é delicioso. Há uma coisa relativamente nova em Económia, que se chama capital de esperança; ter 16 anos é um belíssimo investimento no longo prazo que é a vida. E dá-me a impressão que ter 16 anos é quase ter 17 anos. Não tens nada? tens talento e amigos. E eu sei que vais usa-los quando precisares. Um xi do, se posso, amigo. Como sempre, o texto é extraordinário.

maria disse...

Olá!
:)
Ter 16 anos é ter uma montanha de dúvidas. É ter a impressão de não ter nada. É ter a possibilidade de querer Tudo!

se melhor não houver, repara, saberás quem escreveu Isto?
"... entre riscos. Que se começam a esquecer."
...
"Um sorriso. Como uma explosão de estrelas... Um olhar guloso..."
Já só me apetece perguntar se posso brindar ao renascer, posso? :)

Olha, Rita, a Menina de Porcelana desescreveu-se, deixou-me triste mas à espera, na expectativa do que virá.
Sim, que nunca nos apagamos de todo, nem quando parece que já não há qualquer sopro que nos faça encher o peito de ar e seguir...
acabam as férias, volta o ruidinho surdo dos dias quase todos iguais e lá vamos nós, outra vez, mais uma vez... Sempre!
e que tal, se de letra em punho, desatássemos a desafiar a tristeza, as lembranças cinzentas, os sorrisos quando se apagam e partissemos numa aventura nova, depois das férias fechadas e nos atirássemos a isto de contar coisas que limpam a alma, aqui? quase como se isto fosse meio de prolongar encontros de amigos, encontros entre gente que gosta das mesmas coisas (ou perto ou parecido ou completamente diferentes mas que conversa), neste lugar onde ter 16 anos ou 61 não interessa nada? uhm?! que tal?
é que eu tenho 37 e gosto mesmo de te ler e, depois, vir aqui "falar" contigo e então? tenho 37 anos e a impressão de pensar com há 21 atrás... em muitas coisas!

Anónimo disse...

ter 16 anos e escrever assim é ter o mundo nas mãos.
(os gritos por vezes são silenciados pelas coisas mais patéticas).

moon between golden stars disse...

Ter 16 anos é ter uma vida demasiado importante para tanta agonia e tristeza... é ter uma vida passada, cheia de coisas maravilhosas, e é ter outras tantas pela frente... è ter a junção de todas as cores á nossa frente e poder escolher uma por dia... e ter-nos por cá sempre que precisares de uma força ou de uma palmadinha nas costas!!!!

Um abracinh

Anónimo disse...

oh*

Sara Leal disse...

perdoa-me, mas ter 16 anos é pensar que o mundo gira à nossa volta, e que tudo o que vivemos é extremamente importante. Depois percebes que não o é. E depois voltas a perceber que o é.

Beijinhos :) vou adicionar aos favoritos do meu blog :)*

Anónimo disse...

"...Um príncipe, entre riscos. Que se começam a esquecer..."

Desenhaste os riscos... ou eles foram-se desenhando?

É que... não me parece que o(s) vás esquecendo. De todo. Ele(s) estã(o) aí. E eu até sei o que é isso... Rita.