02 agosto 2005

' Reage ao toque como se fosse algo de mim. Viola-me o coração vezes e vezes sem fim. '

Queres que eu te conte como era(mos), nos meus sonhos?
( 'Conta-me', responderias tu com a voz mais calma de todas, se aqui estivesses agora. E eu não chegaria a perceber se estavas, realmente, com vontade de me ouvir [a falar, sempre, demais] ou se já estavas aborrecido. De mim. Mas ia preferir acreditar na primeira opção.)

Eu gostava de ti. E tu gostavas de mim. E isso chegava(-nos).
« Se gosto de ti, se gostas de mim... Se isto não chega tens o mundo ao contrário. »

Eu cantarolava uma música qualquer, em cada noite que nos deitávamos na relva. E tu ficavas a prestar atenção à minha voz, mas fingias que não... E ficavas a olhar, sempre, para o céu. Demasiado escuro. Demasiado brilhante... E eu ficava sempre a pensar que estavas perdido em pensamentos só teus, e que nem eras capaz de ouvir a música que (te) cantava. Afinal, era só mais uma...
Eu tocava na tua mão. E tu não te movias. E tu... não reagias.
Tu nunca reagias. Ao meu toque. E, por vezes, nem sequer às minhas palavras. E eu nem me importava, sabes...
Não esperava mais de ti. O que tinha, chegava(-me).
Tu gostavas de mim. E nem o dizias. Mas, nos meus sonhos, eu sabia-o. E tu sabias que eu gostava de ti. Porque te dizia sempre, quando acaba de cantarolar aquelas palavrinhas e passava a existir o silêncio.
'Gosto de ti, sabes...', e tu sorrias. Sem tirar os olhos do céu.

E eram todas as noites. Nossas. Com musiquinhas cheias de falhas, pela minha voz. Com céus escuros e brilhantes. Com relva. Comigo. E contigo.

Eu era feliz e, acredita, sabia-o. Queria acreditar que também o eras. Porque nunca deixavas de aparecer, quando começava a escurecer.
Por te ter, todas as noites. Sorria como ninguém. E, quando te via chegar, sentia borboletas dentro do estômago... sabes? E tu abraçavas-me. O teu abraço... que era, para mim, o pico máximo da felicidade.

E numa dessas noites (que eu pensava ser só mais uma), em que te vi aparecer, não vinhas sozinho. E, naquele instante, todas as palavras musicadas que existiam na minha cabeça (ou na minha boca) se diluíram em ti. E na flor que trazias contigo.
Aproximavas-te cada vez mais a cada passo e, quando finalmente paraste à minha frente, pareceste-me muito mais perto do que alguma outra vez.
Sorriste-me, sabes... Como nunca. Deste-me um beijo na testa e abraçaste-me.

E... pára.
Nos meus sonhos, a partir desse abraço, já mais nada existia. Porque penso que também não queria que durasse mais, essa realidade fingida.
E, agora, a partir daquele abraço, só fica a esperança que sejas tu capaz de fazer o final feliz.



/me on Filarmónica Gil - Um Homem como Eu

6 comentários:

maria disse...

"How much do I love you? Count the stars in the sky. Measure the waters of the oceans with a teaspoon. Number the grains of sand on the sea shore. Impossible, you say. Yes and it is just as impossible for me to say how much I love you. My love for you is higher than the heavens, deeper than Hades, and broader than the earth. It has no limits, no bounds. Everything must have an ending except my love for you."
um bocadinho de Samuel M. Johnson...

às vezes...

paulo disse...

Deve ser ilegal ter 16 anos e escrever tão bem

da.rocha disse...

há testemunhos intensos na vida... este é sem dúvida um deles... que tua 'Terra dos Sonhos' surja...
Um beijo...

Anónimo disse...

falta-nos agora a voz dele a descrever o mesmo sonho numa voz e perspectiva masculinas ;)
gosto muito de te ler.

moon between golden stars disse...

Gosto muito de ti... será que já te disse isto?...

um abraço

Anónimo disse...

bem..desde k li a 1ª vez um texto teu adicionei-t aos meus favoritos! E sabes pk? Pk identifico-m com o k escreves, gosto da maneira cmo o fazes, e quase k invejo o facto d tu conseguires passar para palavras o k sentes! Tb eu sou rapariga, tenho a mma idade k tu e tb eu sofro d amor..por isso compreendo-t perfeitament! ** felicidades :)