havia uma sala cheia de gente. era uma exposição, talvez a inauguração. abria-se um corredor no meio das pessoas e o saramago lá estava, velho e curvo, dentro de um fato escuro. eu abria os braços, e ele abria os braços. sorríamos de braços abertos no meio da sala cheia de gente e não víamos ninguém. quando me aproximei e nos abraçámos, ele continuava a sorrir. eu chorava. ele dizia: nunca hesites em vir ter comigo. tinha o corpo cansado e trémulo, mas o melhor abraço da sala. eu chorava, e ele sorria-me, e eu já chorava e sorria. quando nos largámos, eu deixava-o no mesmo sítio. eu afastava-me e ele olhava para mim com o mesmo sorriso, que era meigo e crente e de quem já desvendou todos os mistérios do mundo. e eu pensava: não quero ir. e mais tarde: porque temos de largar os nossos mortos, ou onde é que os podemos recuperar só mais uma vez?
23 dezembro 2010
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9 comentários:
Pensei que nunca mais veria algo novo aqui.
Estou feliz!
felizmente este blog não é o saramago - pode ser ressuscitado as vezes que quiseres.
foi uma boa surpresa :)
(correndo o risco de soar mal) leio-te desde o início *blush*
acho que sim, devias ir lá :)
Nos sonhos pequenina Rita. Eles renascem nos sonhos.
Vejo que gostas e pensas muito em Saramago. Obrgda por passares no meu blog e por lá deixares o comentário :D.
um bjinho grande*
hummm, adorei. adorei conhecê-la!
sobre o retorno do concurso, eles ficaram de entrar em contato até o final de março. portanto, espero. vamos esperar. se não se manifestarem até metade da semana que vem, entramos em contato. que acha?
abraço, parabéns!
querida, não suma; seus textos são muito bons!
O texto faz jus completo ao título...causa esta sensação, muito bom!
[]s
Adorei. :) Parabéns
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