Acordo de madrugada com a imagem do teu riso a boiar-me nos sonhos. Tens uma forma tão tua de rir, que me faz arrepiar por dentro, como se todas as luzes que tenho espalhadas pelo corpo se começassem a acender e a apagar muito depressa, e a fazer-me cócegas. É inútil tentar adormecer de novo; todo o meu corpo chama pelo som da tua voz e das tuas gargalhadas contidas. Respiro fundo, dou meia volta na cama, olho para a janela... ainda nem o dia começou a nascer.
No meio deste escuro todo, deste silêncio todo, tudo parece tomar uma dimensão gigantesca. Fecho os olhos e tento concentrar-me numa imagem bonita, que nada tenha a ver contigo, mas, quando dou conta, já tu me entraste no cenário por uma qualquer razão disparatada. Chateio-me, insulto-te em pensamento e pontapeio os lençóis até ficar quase destapada.
No meu mundo, não há ninguém tão bonito como tu. As lembranças que tenho de ti são das mais brilhantes que guardo. Mesmo assim, às vezes, só queria conseguir largá-las por uns momentos, para poder descansar deste corrupio que é ter-te sempre a pairar na ideia.
Estás na caneca de leite com café que eu bebo de manhã; no sorriso dos meus pequeninos quando gritam, ao ver-me: Tita!; nas músicas que vou cantarolando nos meus percursos a pé até alguma responsabilidade; no chá bem quente que bebo ao final da tarde, no café, quando já mal sinto as mãos; no papel e na caneta com que tento escrever alguma coisa; na água que me desliza pelas costas, durante o duche que tomo ao final do dia e na minha almofada, quando estou quase a adormecer. Estás no chão que piso e no ar que beijo.
Sinto-me exausta e deixo-me mergulhar nesta saudade que me dá trincas no peito; já não posso fazer mais. Sinto a falta de todos os teus gestos, de tudo o que és. Da luz que mostras quando conversas, olhas, desejas e sorris. Quem me dera saber desenhar melhor para poder ilustrar tudo o que vejo em ti, com aqueles pastéis que sujam os dedos...
Sinto a falta dos teus catorze olhares por minuto, quando há outros, bem mais perto, capazes de quarenta no mesmo tempo. Mas o que me importa isso? Os outros são demasiado terra-a-terra e eu gosto é de ti, sonhador. Mesmo quando há uma menina que diz que são os terra-a-terra que se conseguem safar, neste mundo... Eu acredito que sem os sonhos, pouco somos.
Numa noite como esta, só queria poder telefonar-te e ouvir-te. Só queria viajar até essa cidade que te esconde atrás de fotografias e postais. Trocava todas as luzes de Lisboa por esse reencontro.
Opto, antes, por me esconder debaixo dos meus lençóis e estico o braço até à mesa-de-cabeceira. Meto os phones nos ouvidos e deixo-me consolar por meia dúzia de vozes que quase me acalmam a dor.
O dia há-de romper pelo quarto adentro e eu ainda hei-de estar estagnada na imagem do teu riso a avassalar-me o sono. Mesmo assim, não tiro a música do play, e tento adormecer com uma única certeza:
No meio deste escuro todo, deste silêncio todo, tudo parece tomar uma dimensão gigantesca. Fecho os olhos e tento concentrar-me numa imagem bonita, que nada tenha a ver contigo, mas, quando dou conta, já tu me entraste no cenário por uma qualquer razão disparatada. Chateio-me, insulto-te em pensamento e pontapeio os lençóis até ficar quase destapada.
No meu mundo, não há ninguém tão bonito como tu. As lembranças que tenho de ti são das mais brilhantes que guardo. Mesmo assim, às vezes, só queria conseguir largá-las por uns momentos, para poder descansar deste corrupio que é ter-te sempre a pairar na ideia.
Estás na caneca de leite com café que eu bebo de manhã; no sorriso dos meus pequeninos quando gritam, ao ver-me: Tita!; nas músicas que vou cantarolando nos meus percursos a pé até alguma responsabilidade; no chá bem quente que bebo ao final da tarde, no café, quando já mal sinto as mãos; no papel e na caneta com que tento escrever alguma coisa; na água que me desliza pelas costas, durante o duche que tomo ao final do dia e na minha almofada, quando estou quase a adormecer. Estás no chão que piso e no ar que beijo.
Sinto-me exausta e deixo-me mergulhar nesta saudade que me dá trincas no peito; já não posso fazer mais. Sinto a falta de todos os teus gestos, de tudo o que és. Da luz que mostras quando conversas, olhas, desejas e sorris. Quem me dera saber desenhar melhor para poder ilustrar tudo o que vejo em ti, com aqueles pastéis que sujam os dedos...
Sinto a falta dos teus catorze olhares por minuto, quando há outros, bem mais perto, capazes de quarenta no mesmo tempo. Mas o que me importa isso? Os outros são demasiado terra-a-terra e eu gosto é de ti, sonhador. Mesmo quando há uma menina que diz que são os terra-a-terra que se conseguem safar, neste mundo... Eu acredito que sem os sonhos, pouco somos.
Numa noite como esta, só queria poder telefonar-te e ouvir-te. Só queria viajar até essa cidade que te esconde atrás de fotografias e postais. Trocava todas as luzes de Lisboa por esse reencontro.
Opto, antes, por me esconder debaixo dos meus lençóis e estico o braço até à mesa-de-cabeceira. Meto os phones nos ouvidos e deixo-me consolar por meia dúzia de vozes que quase me acalmam a dor.
O dia há-de romper pelo quarto adentro e eu ainda hei-de estar estagnada na imagem do teu riso a avassalar-me o sono. Mesmo assim, não tiro a música do play, e tento adormecer com uma única certeza:
O meu abraço tem a forma do teu corpo.
17 comentários:
a nossa amizade ainda tem o jeito do teu sorriso, Duende Mágica.
Sempre Tua,
Pequenina.
E todos os abraços têm uma forma, não é?
não acredites em tudo o que ouves.
é que por aqui sempre se disseram coisas estúpidas.
não te quero ausente,
Annie.
O blogue simplicidadecomplexa.blogspot.com foi automaticamente redireccionado para um domínio wordpress.com. Peço-vos um pouco de paciência na questão de comentarem o blogue. Não deixem de comentar, de qualquer forma. As razões da mudança têm que ver com o facto de o Wordpress ser um sistema muito mais completo que o Blogger.
Sim, sempre vim aqui.
Só te posso dar a mão. Foi o que fiz,o que faço, e o que vou fazer quando precisares. Ânimo!
*
Parabéns pela clareza e por teres dito tanto em tão pouco. Gostava de ter a tua agilidade com as palavras e descrever tão bem aquilo que se passa cá dentro. Escrever com o coração é algo raro...
[*]
bolas Rita, essa última frase é linda! (desta vez sou eu que guardo um pedacinho teu no meu caderno.)*
Estão tão bonito, Rita... apetece levar 'emprestado' :)
Não te conheço, moro longe de ti mas sinto-te especial. com uma paixão diferente
continua a deliciar as pessoas que te rodeiam com os teus textos tão perfeitos com que tanto me identifico (as vezes parecem contar a minha história).
beijinho *
gosto especialmente do 'o meu abraço tem a forma do teu corpo'.
que bonito, Rita!
um beijo bem grande! *
E aqui também- savalse.blogspot.com
Beijo em ti Rita*
Olha Rita, não nos queres aquecer um pouquinho aqui?- arcadia21.blogspot.com
Espero mesmo que sim^^
oh minha pequenina, q saudades de ti*
ler-te, é táo bom.
*
também eu gosto de "te ler", Rita.
(e dessa música, também gosto gosto)*
é assim que se chama, Rita?
se calhar, sim sim :)*
Gostei deste texto. :)
Beijo
*
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