26 junho 2007

Acordar com uma lágrima no canto do olho é uma promessa de dia cinzento.

Tenho saudades dos livros que não lemos, das músicas que não ouvimos, dos chás que não bebemos.
Quando se sonhava com férias passadas em degraus de escadas, a ler passagens dos livros que se haviam de comprar, a ouvir os albúns que já se haviam comprado...




E como hoje não me apetece escrever de Escrever, só me apetecia mesmo conversar, sentada no chão, com um ombro amigo ao lado...; mas como os ombros estão longe (porque têm de estar ou porque eu os enxotei), eu digo ao ombro amigo invisível que hoje me faz companhia:

Sabes, eu acho que cada um devia tentar cuidar bem do seu coração. Mantê-lo limpo e bonito. Não o deixar ficar revestido de tártaro, como os dentes das Pessoas...
Só assim ele pode sorrir. De boca aberta.



(não faz sentido? é bem provável que não. nunca fui muito boa a dar conselhos...)

11 junho 2007

Menina-Canção.

Era uma vez uma menina chamada Maria.
Era diferente de todas as outras meninas, porque tinha uma vida feita de músicas. Era um facto estranho, perturbador e lindo, ao mesmo tempo.
Quando a Maria nasceu, soaram sinos delicados vindos ninguém-soube-de-onde. Mas, no momento em que a Maria abriu os olhos, todos os que estavam na sala os ouviram, e olharam assustados e confusos para aquela menina – linda linda linda –, ao mesmo tempo que a mãe suspirava exausta, mas feliz.
Desde o dia em que a Maria abriu os olhos, os sinos nunca mais pararam de tocar. Apenas foram mudando de tons e ritmos, à medida que a Maria foi crescendo.
Quando a Maria chorava, ouvia-se uma música forte e amarga, que parecia composta por quase uma orquestra completa. Quando a Maria ria, ouvia-se o seu riso doce acompanhado por uma música feliz e infantil, muito subtil... Quando a Maria estava triste, ouvia-se uma melodia verdadeiramente estrondosa e melancólica. Enquanto a Maria dormia, ouvia-se uma delicada canção de embalar, que lhe guardava o sono. Só quando os sons graves da canção mais se faziam notar e a Maria se mexia mais, entre os lençóis, percebíamos que estava a ter um sonho mau.
Os pais não sabiam porque tinha a Maria uma vida feita de músicas. Ninguém sabia. Nem sequer os doutores ou os mágicos. Havia quem dissesse que a Maria tinha um coração diferente dos outros corações. Um coração que tocava música. Uma caixinha de música no lugar do coração.
Todas as manhãs, quando a Maria ia para a escola com a lancheira na mão, as vizinhas, nas suas janelas, anteviam a passagem da pequena. Quando começavam a ouvir ao longe uma música de fundo doce e clara, estivesse sol ou estivesse chuva, já sabiam que aí vinha a Mariazinha – ‘Bom dia, menina-canção!’
Na escola, era difícil conseguir completa concentração. Quando a professora pedia silêncio, todos os meninos se calavam, mas a música da Maria continuava a tocar... Até ao dia em que a professora falou com os pais da menina e ela deixou de poder ir à escola.
A Maria passou a estudar em casa. A mãe ajudava-a nas composições e nas contas. Mas, apesar do amor, a Maria começou a entristecer. Os olhos começaram a ficar cada vez mais baços, assim como os sinos que a acompanhavam. Aos poucos, a sua música (o seu coração?) começou a ficar fraquinha, sem alegria... A Maria começou a desejar ser como os outros meninos.
Deixou de ver o céu cor de fogo, ao fim do dia, e os passarinhos nos ninhos. Deixou de sentir o vento limpo e fresco contra as suas tranças, e o cheiro do amendoim quente a sair do forno.
Um dia, a Maria desejou com todo o coração fazer parar a música... E, entre pequeninas lágrimas, foi perdendo as forças.
Depois desse dia, a pequenina Maria não abriu mais os olhos. E a música deixou, para sempre, de tocar...

03 junho 2007

Ao novo Doutor. *

Hino de Medicina Veterinária

Eu não gosto de Agrícola
Nem de Zootecnia!
Eu não curto Matemática.
QUE SE FODA A BIOLOGIA!!!

VETERINÁRIA, abrimos cães e gatos.
VETERINÁRIA, guilhotinamos ratos.
VETERINÁRIA, esfolamos ovelhas.
VETERINÁRIA, se tens medo não venhas!

VEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEETERINÁRIA!!!










Queima das Fitas do meu irmão, ontem. :')
Noite mesmo muito, muito feliz.