A primeira vez que te vi, imaginei-me a abraçar-te. Ri-me durante muito tempo com esse pensamento e pensei o quão seria bom (e difícil) ter um abraço teu. Sonhei tantas vezes contigo... Não tantas como com os outros, de olhos fechados e adormecidos. Mas de olhos abertos. E nunca soube controlar isso.
Vivemos muito, é verdade.
Há muito tempo, ficámos uma tarde inteira sentados num banco de jardim, com um livro de Biologia ao nosso lado. Lembras-te? Passou tão depressa... No fim, já era noite. Noite gelada. Éramos os únicos no parque, porque estava demasiado frio para se ficar na rua àquelas horas. E nós continuávamos sentados no mesmo banco de jardim, apesar das mãos geladas. Punhas o teu braço à minha volta, até a tua mão chegar ao meu ombro, e comíamos pipocas. Como se fossem três da tarde.
Eu tinha as unhas tão vermelhas... O coração também, mas custava-me admiti-lo.
Não entendeste que a parte mais triste foi aquela em que me levaste até ao autocarro que me ia levar a casa. Estava tão escuro e tanto frio. Dissemos adeus e eu vi-te ires embora, de dentro do autocarro vazio. O livro de Biologia voltou comigo. E eu só sei que, apesar da falta de concentração e de estudo, tive 18 nesse teste.
A partir daí, fomos sempre mais felizes.
Embriagámo-nos umas quantas vezes. Nessas alturas, tu tomavas sempre conta de mim. Riamo-nos de mãos dadas, enquanto fazíamos os caminhos a pé até casa.
Vivemos um Verão inteiro juntos e não soubemos passar um sem o outro. Eu contava-te coisas da minha vida que nunca tinha contado a ninguém. Tu fazias sempre muitos planos para o futuro, ao mesmo tempo que me pedias um beijo.
Nos típicos dias de Avante, acampámos juntos e tivemos os vizinhos mais insuportáveis de sempre. Eu tinha sempre vontade de fazer chichi. E fome. Tu gostavas de ir procurar cd’s, na Festa do Disco, e eu ficava cansada. Só queria ver todos os meus Amigos. Mas cheguei a ver muito poucos. Ou quase nenhuns.
À noite, metias-me o teu gorro na cabeça e dizias que nunca me tinhas visto tão linda. Eu vestia as tuas camisolas e casacos, que quase me chegavam aos joelhos e tapavam as mãos. Na última noite, deitámo-nos na relva a ver o fogo de artifício. E falámos tanto... Mas, tu sabes, eu já não estava muito sóbria.
Deste-me um barrete comprido, sem sininhos na ponta... E eu, por momentos, esqueci os meus amores platónicos.
Amámo-nos o mais que soubemos. E fomos felizes como nunca antes tínhamos sido.
Nesses dias, olhei para ti como nunca tinha olhado antes. Tinha a certeza que não queria sair dali, porque nunca te tinha amado tanto. E porque sabia que as coisas iam acabar por mudar. Mudam sempre. Por isso, é que desejamos sempre morrer quando chegamos ao pico da felicidade. Como nós desejámos, nessas noites de Verão.
Depois disso, pintaste na minha mochila The Cure e um coração, com letras grandes e cor-de-rosa.
Meu amor, ainda faço a pé os mesmos percursos que fazíamos de mãos dadas e embriagados, naquelas noites quentes. Mas agora, sozinha. E com A Cura às costas.
Vivemos muito, é verdade.
Há muito tempo, ficámos uma tarde inteira sentados num banco de jardim, com um livro de Biologia ao nosso lado. Lembras-te? Passou tão depressa... No fim, já era noite. Noite gelada. Éramos os únicos no parque, porque estava demasiado frio para se ficar na rua àquelas horas. E nós continuávamos sentados no mesmo banco de jardim, apesar das mãos geladas. Punhas o teu braço à minha volta, até a tua mão chegar ao meu ombro, e comíamos pipocas. Como se fossem três da tarde.
Eu tinha as unhas tão vermelhas... O coração também, mas custava-me admiti-lo.
Não entendeste que a parte mais triste foi aquela em que me levaste até ao autocarro que me ia levar a casa. Estava tão escuro e tanto frio. Dissemos adeus e eu vi-te ires embora, de dentro do autocarro vazio. O livro de Biologia voltou comigo. E eu só sei que, apesar da falta de concentração e de estudo, tive 18 nesse teste.
A partir daí, fomos sempre mais felizes.
Embriagámo-nos umas quantas vezes. Nessas alturas, tu tomavas sempre conta de mim. Riamo-nos de mãos dadas, enquanto fazíamos os caminhos a pé até casa.
Vivemos um Verão inteiro juntos e não soubemos passar um sem o outro. Eu contava-te coisas da minha vida que nunca tinha contado a ninguém. Tu fazias sempre muitos planos para o futuro, ao mesmo tempo que me pedias um beijo.
Nos típicos dias de Avante, acampámos juntos e tivemos os vizinhos mais insuportáveis de sempre. Eu tinha sempre vontade de fazer chichi. E fome. Tu gostavas de ir procurar cd’s, na Festa do Disco, e eu ficava cansada. Só queria ver todos os meus Amigos. Mas cheguei a ver muito poucos. Ou quase nenhuns.
À noite, metias-me o teu gorro na cabeça e dizias que nunca me tinhas visto tão linda. Eu vestia as tuas camisolas e casacos, que quase me chegavam aos joelhos e tapavam as mãos. Na última noite, deitámo-nos na relva a ver o fogo de artifício. E falámos tanto... Mas, tu sabes, eu já não estava muito sóbria.
Deste-me um barrete comprido, sem sininhos na ponta... E eu, por momentos, esqueci os meus amores platónicos.
Amámo-nos o mais que soubemos. E fomos felizes como nunca antes tínhamos sido.
Nesses dias, olhei para ti como nunca tinha olhado antes. Tinha a certeza que não queria sair dali, porque nunca te tinha amado tanto. E porque sabia que as coisas iam acabar por mudar. Mudam sempre. Por isso, é que desejamos sempre morrer quando chegamos ao pico da felicidade. Como nós desejámos, nessas noites de Verão.
Depois disso, pintaste na minha mochila The Cure e um coração, com letras grandes e cor-de-rosa.
Meu amor, ainda faço a pé os mesmos percursos que fazíamos de mãos dadas e embriagados, naquelas noites quentes. Mas agora, sozinha. E com A Cura às costas.
12 comentários:
fizeste-me chorar, com este teu texto. acreditas?
que bonito, rita. que bonito!
um beijinho. *
Uma delícia. Mas será que percebi inteiramente o que escreves-te? "Mas agora, sozinha." Não me digas. Precisamos de falar. Adoro-te mana*
Que doce texto. Que doces palavras. Que bonita história de amor. Como gostei de aqui vir e ler(te). Um beijinho grande
Virei.
eu so deixo um beijinho com sabor a saudades pk isto me deixou com um nó na garganta...
espero a visita dos meninos, a visita da msg* um dia espero visitar te tmb. prometo k vou tentar.
amor*
rita, as tuas palavras tocam-me cá dentro de uma maneira que é tão dificil de explicar.
*
E de repente bocados de histórias fundem-se numa só... Em cada frase lembrei algo que fiz há uns tempos, uns mais distantes que outros. Obrigado.
Curioso também ver que neste "pequeno mundo" dos blogs vou encontrando "camaradas" da festa
tão bonito*
Lindo... simplesmente lindo!
Sabes Rita, sao esses momentos que me fazem sonhar. E querer viver.
Sempre.
Ou para sempre.
**
É um alento, ler-te, Rita! Mesmo.
[*]
A simplicidade dos sentimentos... a beleza de um amor.
depois de sab, morrer ka nada
Sara:
Tens um talento absolutamente sobrenatural!!!Imprime as tuas palavras em folhas e leva as pessoas a sonhar contigo... Toda a gente merecia ler estes textos!
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