23 novembro 2007

« Levo as asas nos bolsos e o coração a planar. »

Posso ter perdido de vez as tuas mãos a afastarem-me o cabelo dos olhos ou a apertarem-me as bochechas. Talvez não me volte a sentir tão protegida em mais nenhum abraço, como no teu. Mais ninguém vai encarar com naturalidade as minhas manias e hábitos, que tu já tão bem conhecias. O teu colo pode já não estar disponível para me deixar descansar... E talvez não me possa mais enroscar no teu pescoço.
Posso não ter nunca mais ninguém a pegar-me ao colo ou a deixar-me andar às cavalitas no meio do jardim. Nunca mais ninguém vai querer sair de casa comigo, com mau tempo e sem guarda-chuva, e apanhar uma molha daquelas, só para ir comprar uns botões à Baixa. Duvido que mais alguém me pessa para lhe ensinar a andar de baloiço...
Posso não poder rir mais contigo, como ríamos. Posso não ter mais telas para pintar ou janelas por onde ver o arco-íris. Posso não receber mais cartas de amor de ninguém.



Mas ainda guardo em mim o desejo de conhecer mais mundo, para além do que me mostraste e do que descobrimos juntos.
A vontade de ver (mais) longe,
presa a mil e um sonhos.

8 comentários:

raquel disse...

Ainda bem, Rita.*

SA. disse...

*suspiro*

Sr. Jeremias disse...

Voa então...

Tiago Ramos disse...

Está muito bonito, Rita.

Anónimo disse...

'Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.'

Marta disse...

Mas vais, do mesmo ou de outro, mas vais voltar a ter tudo isso e mais ainda. És jovem, tens a estrada toda à tua frente. E a "vontade" que guardas dentro de ti já é um começo para tudo isso.*

Anónimo disse...

Quem me dera.

Joana disse...

o que é preciso é ter sempre vontade de continuar.

texto bonito :)