Noite, noite, noite.
Balanceio-me pelas estradas de terra até ao parque mais amado. Como sempre, lá está o meu baloiço vazio. A chamar-me os pés e as mãos. As pernas mexem-se e, sem dar conta, lá estou eu sentada. A tentar tocar com as pontas dos pés o grande manto negro, que está colado ao tecto. Hoje, há milhares de pontinhos brancos que brilham mais cada vez que o balanço me empurra para o céu.
Canso-me tanto. Dói-me tanto.
Desisto... Esta noite não vou conseguir tocar o céu.
Caio exausta para a frente e a minha cara enche-se de areia. Levanto-me e sacudo-me. Meto os phones nos ouvidos e danço a ouvir a Margarida. A Nônô (pequenina, pequenina) sorri muito, num lugar secreto de mim, e mexe-se feliz. Tal como eu, sente na Margarida uma magia infantil que lhe nasce na voz. Cantarolamos juntas até a linda Nônô fechar os olhos cansados e adormecer.
Sorrio muito, feliz, a vê-la descansar. Devagarinho, vou diminuindo o volume da canção, até se deixar de ouvir.
' Boa noite, meu amor. '
Caminho muito, sozinha... Noite, noite, noite.
Relembro o rosto de todos os que me fizeram feliz. Penso nas fadas que guardo dentro das minhas bolinhas de sabão, adormecidas. Nas meninas sorridentes e nos meninos mágicos que guardo no peito.
Tiro uma caneta e uma folha branca do bolso, e rasgo-a aos pedacinhos. Em cada um deles escrevo uma mensagem não-endereçada. Cada pedacinho tem um cheiro único. Cada pedacinho branco ganha cor.
Das palmas das minhas mãos voam todos os pedacinhos, às voltas numa ventania que sabe a magia. E a esperança que resta é a que cada um deles vá ter ao endereço que não foi escrito...
A cada dez passos, paro para descansar. E olho à minha volta. Tudo é solidão, tudo é noite. O morango mágico, dentro do bolso do meu casaco, dorme. E o arco-íris que trago trancado na cabeça e no peito está apagado.
Esfrego os olhos e salto à corda. A cada dez saltos, paro. Os meus olhos embaciaram. O brilho dos meus olhos e do meu sorriso está colado lá em cima, no grande manto negro. Roubaram-no de mim, enquanto comia uma cereja.
Apagaram o meu brilho, no meio desta noite gelada. Toco às campainhas, mas nenhuma porta se abre.
Caiem-me lágrimas quentes pela cara e lembro-me duma voz que dizia 'Que bochechas gordinhas!'. Quando me sento no passeio é porque já não aguento mais. Os meus pés morrem, exaustos e perdidos.
Deito-me no chão e fecho os olhos. Relva cresce à minha volta e as pedras geladas do passeio tornam-se macias.
Devagarinho, a pequenina Leonor passa a mão pelos meus cabelos e brinca com um canudo perfeito. Não chega a acordar, mas volta a adormecer. Dormimos juntas num passeio alcatifado de relva fresca e ouvimos a voz da Margarida nos nossos sonhos.
Noite, noite, noite.
Canso-me tanto. Dói-me tanto.
Desisto... Esta noite não vou conseguir tocar o céu.
Caio exausta para a frente e a minha cara enche-se de areia. Levanto-me e sacudo-me. Meto os phones nos ouvidos e danço a ouvir a Margarida. A Nônô (pequenina, pequenina) sorri muito, num lugar secreto de mim, e mexe-se feliz. Tal como eu, sente na Margarida uma magia infantil que lhe nasce na voz. Cantarolamos juntas até a linda Nônô fechar os olhos cansados e adormecer.
Sorrio muito, feliz, a vê-la descansar. Devagarinho, vou diminuindo o volume da canção, até se deixar de ouvir.
' Boa noite, meu amor. '
Caminho muito, sozinha... Noite, noite, noite.
Relembro o rosto de todos os que me fizeram feliz. Penso nas fadas que guardo dentro das minhas bolinhas de sabão, adormecidas. Nas meninas sorridentes e nos meninos mágicos que guardo no peito.
Tiro uma caneta e uma folha branca do bolso, e rasgo-a aos pedacinhos. Em cada um deles escrevo uma mensagem não-endereçada. Cada pedacinho tem um cheiro único. Cada pedacinho branco ganha cor.
Das palmas das minhas mãos voam todos os pedacinhos, às voltas numa ventania que sabe a magia. E a esperança que resta é a que cada um deles vá ter ao endereço que não foi escrito...
A cada dez passos, paro para descansar. E olho à minha volta. Tudo é solidão, tudo é noite. O morango mágico, dentro do bolso do meu casaco, dorme. E o arco-íris que trago trancado na cabeça e no peito está apagado.
Esfrego os olhos e salto à corda. A cada dez saltos, paro. Os meus olhos embaciaram. O brilho dos meus olhos e do meu sorriso está colado lá em cima, no grande manto negro. Roubaram-no de mim, enquanto comia uma cereja.
Apagaram o meu brilho, no meio desta noite gelada. Toco às campainhas, mas nenhuma porta se abre.
Caiem-me lágrimas quentes pela cara e lembro-me duma voz que dizia 'Que bochechas gordinhas!'. Quando me sento no passeio é porque já não aguento mais. Os meus pés morrem, exaustos e perdidos.
Deito-me no chão e fecho os olhos. Relva cresce à minha volta e as pedras geladas do passeio tornam-se macias.
Devagarinho, a pequenina Leonor passa a mão pelos meus cabelos e brinca com um canudo perfeito. Não chega a acordar, mas volta a adormecer. Dormimos juntas num passeio alcatifado de relva fresca e ouvimos a voz da Margarida nos nossos sonhos.
Noite, noite, noite.
12 comentários:
ohhhhhhh meu deus...há qt tempo não parava por aqui.....e o mais engraçado é q qd li este texto me lembrei lgo de Maragrida pinto......."a minha alma partiu-se...." :)
beijinho*
oh, Rita.
não deixes que te roubem o sorriso: as lágrimas não são boas companheiras...
*
(e saio em silêncio, para não acordar ninguém...)
Obrigada querida pelo comentario no blog.
Oh.Tu de certa forma és essa Rita, sabes?
**
(vou fazer o mesmo*)
O Jorge têm uma linda canção para um acordar assim...
Pode ser que a ouças amanhã :)
eu acho que não precisas de esticar o braço para tocar o céu.
toca no teu sorriso.
*
Duende Mágica.
Também tenho o meu 'baloiço'.
Também tenho uma Nônô pequenina.
Também gosto de Margarida Pinto.
Assim como também me delicio com a tua escrita.
* Beijo
Desculpa-me por não estar a ser a amiga que sempre fui. *
oh menina... oh menina minha. vais ser smp a menina pekenina k eu vejo. e a kem eu sussurro. peço desculpa por andar calada, a culpa é mnh de nao encontrar o caminho po teu ouvido. mas prometo k um dia o atchim vai ser meu. prometo! e vou pa varanda esperar k um pedacinho passe por mim e o arranque do ar. e vou guarda lo no bolso k tnh junto do coraçao. ja tem algumas coisas la dentro mas ha smp lugar pa mais um papelinho teu. pk gosto de ti, muito mais k muito.
O branco em mim... só quando tomo banho! :)
Dark kiss.
Há frases geniais! E aqui há sempre frases fantásticas... "não chega a acordar, mas volta a adormecer" antes "a esperança ... que cada um deles vá ter ao endereço que não foi escrito..."
Há sempre um ventinho sábio que nos encaminha até aqui!
Ao branco que ganha cor como os pedacinhos da folha rasgada saida do bolso!
mas tu consegues chegar ao céu. consegues sempre, ritinha. porque és magica.
também tenho dessas noites. e sempre que as tenho lembro-me de ti.
salta para o baloiço outra vez, rita.
eu empurro-te.
e chegarás ao céu.
beijinho*
Damm... isso ta espectacular! Gostei muito! Parabens! :)
Um dia chegas lá...a persistencia faz milagres! ;)
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