a hipocrisia anda escondida atrás dos olhos dos Homens.
uma capa negra de veludo que a esconde, mas não a deixa adormecer.
ri.
morde.
atiça.
tapo os ouvidos para não a ouvir e agito a cabeça para a afastar de vez. é o mal. taparem os olhos, para verem bolas de sabão inquebráveis, quando cá fora elas rebentam ao mínimo toque. a olhos vivos.
é o mundo real.
miúdas a cortarem os pulsos. que choram e tomam só mais um gole. ninguém as vê, porque não querem. na verdade todos as vêem. mas preferem ignorar. as Pessoas são demasiado impessoais.
há bolas de sabão que flutuam à nossa passagem. frágeis. compete-nos zelar por elas. como se zela pela própria vida.
às vezes, vem alguém. que grita e mói e rebenta duas ou três, duma vez só. só ouvem os estalos. quando dão por conta já as lágrimas caem e a vida lhes foge.
sacanas, os que roubam vidas e vontades.
quando dão por elas, já são elas mesmas a destruírem as bolas de sabão que pairam no ar. sem saberem, fazem rebentar sempre mais uma a cada comprimido que engolem. não querem. mas os sacanas já as mataram.
são Homens vestidos de bem, que matam em segredo.
mas ninguém lhes tira a capa.
ligam as televisões e ficam a invejar os sorrisos. as Pessoas. a verem os anúncios sobre o brilho da vida e a deixarem-se consumir pelo materialismo.
quando ouvem um estrondo já é tarde.
a rapariga já está estendida no chão.
e a última bola de sabão já rebentou.
(À Natacha.
Que espero que já esteja num sítio bem mais bonito que este.)
uma capa negra de veludo que a esconde, mas não a deixa adormecer.
ri.
morde.
atiça.
tapo os ouvidos para não a ouvir e agito a cabeça para a afastar de vez. é o mal. taparem os olhos, para verem bolas de sabão inquebráveis, quando cá fora elas rebentam ao mínimo toque. a olhos vivos.
é o mundo real.
miúdas a cortarem os pulsos. que choram e tomam só mais um gole. ninguém as vê, porque não querem. na verdade todos as vêem. mas preferem ignorar. as Pessoas são demasiado impessoais.
há bolas de sabão que flutuam à nossa passagem. frágeis. compete-nos zelar por elas. como se zela pela própria vida.
às vezes, vem alguém. que grita e mói e rebenta duas ou três, duma vez só. só ouvem os estalos. quando dão por conta já as lágrimas caem e a vida lhes foge.
sacanas, os que roubam vidas e vontades.
quando dão por elas, já são elas mesmas a destruírem as bolas de sabão que pairam no ar. sem saberem, fazem rebentar sempre mais uma a cada comprimido que engolem. não querem. mas os sacanas já as mataram.
são Homens vestidos de bem, que matam em segredo.
mas ninguém lhes tira a capa.
ligam as televisões e ficam a invejar os sorrisos. as Pessoas. a verem os anúncios sobre o brilho da vida e a deixarem-se consumir pelo materialismo.
quando ouvem um estrondo já é tarde.
a rapariga já está estendida no chão.
e a última bola de sabão já rebentou.
(À Natacha.
Que espero que já esteja num sítio bem mais bonito que este.)