Ficámos a noite inteira acordados, à espera do passarinho que vem de manhã cantar-nos ao parapeito. Nunca desejámos tanto que ele chegasse…
Deitámo-nos em cima da cama e recusámo-nos a tirar as roupas. Quisemos dormir com os perfumes colados às camisolas e aos cabelos.
Pensámos melhor e nem chegámos a querer dormir, para não os esquecermos. No dia seguinte já nada sabe da mesma forma. Não quisemos dormir, para não termos de chegar ao 'dia seguinte' inconscientes de tudo. Para não termos sequer de chegar...
Fechámos os olhos e chorámos, e sorrimos. Agarrámo-nos a um coração de fingir e recordámos cada letra e cada som. Sentimo-lo a escorregar-nos pelas mãos e chorámos, sem poder fazer nada.
Procurámos morangos, debaixo da cama e dentro dos roupeiros, e a única coisa que encontrámos foi um quispo. Vermelho, também... Aproveitámo-lo, apesar do efeito não ser o mesmo. Aqueceu, mas os sorrisos não foram muitos.
Passámos a noite inteira acordados, com um quispo vermelho a aquecer e a salientar os perfumes e as saudades.
Quisemos corpos, quisemos gente. O vazio assusta. A falta de passarinhos a cantar nos parapeitos, também...
Pegámos num espelho e ficámos a olhar para um reflexo de olhos verdes. Olhámo-lo e falámos-lhe. Ele não reagiu.
Olhámos para o espelho durante tanto tempo que ele nos roubou a alma, como nas histórias de encantar. E os olhos verdes passaram a cinzento. Cada vez mais cinzentos e baços.
Quisemos sair pela janela, ao encontro de outros braços que não os nossos. Mas descobrimos o corpo como um peso demasiado forte, incapaz de ser erguido.
Descobrimos um coração em forma de A, dentro de nós. Abraçámo-lo e nem fomos capazes de entender.
Leve leve leve...
Quisemos chamá-lo e dizer-lhe coisas que não se sabem escrever. Quisemos chamá-lo e não lhe dizer nada. Tocar-lhe e pedir-lhe para ficar.
' Um dia, tens-me sempre que quiseres. E pedes para eu ficar e eu fico. '
Quisemos fazer daquela noite esse dia.
Quisemos sentir a porta a abrir-se e alguém a movimentar-se no escuro.
Ficámos a noite inteira acordados, à espera dum passarinho que nunca chegou.
Não fechámos os olhos. Nem vimos o 'dia seguinte'.
(O erro? Bateram-nos à porta... E eu abri-a.)
/me on (a falta d)o canto dum passarinho no parapeito...
Deitámo-nos em cima da cama e recusámo-nos a tirar as roupas. Quisemos dormir com os perfumes colados às camisolas e aos cabelos.
Pensámos melhor e nem chegámos a querer dormir, para não os esquecermos. No dia seguinte já nada sabe da mesma forma. Não quisemos dormir, para não termos de chegar ao 'dia seguinte' inconscientes de tudo. Para não termos sequer de chegar...
Fechámos os olhos e chorámos, e sorrimos. Agarrámo-nos a um coração de fingir e recordámos cada letra e cada som. Sentimo-lo a escorregar-nos pelas mãos e chorámos, sem poder fazer nada.
Procurámos morangos, debaixo da cama e dentro dos roupeiros, e a única coisa que encontrámos foi um quispo. Vermelho, também... Aproveitámo-lo, apesar do efeito não ser o mesmo. Aqueceu, mas os sorrisos não foram muitos.
Passámos a noite inteira acordados, com um quispo vermelho a aquecer e a salientar os perfumes e as saudades.
Quisemos corpos, quisemos gente. O vazio assusta. A falta de passarinhos a cantar nos parapeitos, também...
Pegámos num espelho e ficámos a olhar para um reflexo de olhos verdes. Olhámo-lo e falámos-lhe. Ele não reagiu.
Olhámos para o espelho durante tanto tempo que ele nos roubou a alma, como nas histórias de encantar. E os olhos verdes passaram a cinzento. Cada vez mais cinzentos e baços.
Quisemos sair pela janela, ao encontro de outros braços que não os nossos. Mas descobrimos o corpo como um peso demasiado forte, incapaz de ser erguido.
Descobrimos um coração em forma de A, dentro de nós. Abraçámo-lo e nem fomos capazes de entender.
Leve leve leve...
Quisemos chamá-lo e dizer-lhe coisas que não se sabem escrever. Quisemos chamá-lo e não lhe dizer nada. Tocar-lhe e pedir-lhe para ficar.
' Um dia, tens-me sempre que quiseres. E pedes para eu ficar e eu fico. '
Quisemos fazer daquela noite esse dia.
Quisemos sentir a porta a abrir-se e alguém a movimentar-se no escuro.
Ficámos a noite inteira acordados, à espera dum passarinho que nunca chegou.
Não fechámos os olhos. Nem vimos o 'dia seguinte'.
(O erro? Bateram-nos à porta... E eu abri-a.)
/me on (a falta d)o canto dum passarinho no parapeito...