16 setembro 2005

Um Deus. Ou um deus... Oh, adeus.

Desde ontem que as paredes já não são tão brancas. Estão cobertas de desenhos e palavras que não fazem sentido aos olhos de ninguém. Os príncipes estão lá. E as flores também. As mãos não. Porque estão demasiado aqui. Comigo. Em mim... Não as quero perdidas naquele branco angustiante... Como se já nem voltassem...
Ofendi um deus que todos veneram. Ofendi-o e pus tudo em causa. Odiei-me e odiei-o. Insultei-o. Disse-lhe coisas feias e pedi-lhe que me viesse buscar, duma vez por todas. É preferível morrer duma vez, a morrer assim aos bocados e sempre mais um bocadinho a cada dia. Um dia vai mesmo tudo acabar, não é...? Nunca pensei pôr em causa fés e crenças. Não mesmo. Chamava sempre por ele, quando isto acontecia... Porque sempre o achei bonzinho e amigo. De todos. Sempre achei que era mágico. Quase tão mágico como os que moram atrás do arco-íris. Ou mais, até. Pensava que, possivelmente, ele até poderia ter um barrete comprido, na cabeça, com um sininho na ponta...
Sim, ele é mágico. Se calhar, é um feiticeiro. Podia pôr-nos a sorrir, se quisesse... Ou então, podia emprestar-me o barrete dele. Para eu poder ser mágica, de verdade.
Não fui capaz de lhe pedir ajuda. Achei-o mau. Disse-lhe que ele devia estar a fazer-me isto só para se poder ficar a rir de mim, lá de cima. De mim e de todos. Porque a vida é uma puta. E as idades, agora, nem têm nada a declarar. Porque o 6 é só o 9 virado ao contrário. 16 é 19. 19 é 16. 1989, 1986. Nasci em 1989, mas é como se tivesse nascido em 1986. Entendem? Oh, não importa...
Eu pensei sempre que não fazia sentido existirem só pessoas. E nada mais. Porque é um pensamento egoísta. E seria mau demais isto, ao fim e ao cabo, resumir-se apenas a pessoas. E mais pessoas. Tem de haver alguém lá em cima a comandar os céus e as nuvens. Elas não podem ficar escuras e molhadas sempre que lhes apetece. Tem de haver alguém a dizer-lhes quando podem ou não molhar esta gente toda. Eu sempre achei que era assim. E continuo a achar. Só que, agora, já não sei se ele, lá de cima, é bonzinho. Ou se é mau.
De qualquer das maneiras, quem pode comandar nuvens pode ser o que quiser... Não é?

5 comentários:

Anónimo disse...

é.
eu acho k nao acredito nele.
nunca acreditei mt, msm qnd era pekena e tda a gente na familia dizia k ele ta la.
eu nao acredito k teja.
mas sou só eu...

gosto te*

paulo disse...

O Camus dizia mais ou menos isto: que era humano, e só possuía em si meios de compreensão humanos; só o que tocava, só o que lhe resistia era compreensivel, aceitável e portanto existente. Eu acho que não; o transcendente é real, apesar de não palpável; no teatro dos sonhos; na arena dos desejos; na beleza do sol que vai nascer, inevitavelmente, amanhã. Deus é uma grande palavra. É também uma grande ideia. Não será (para mim não é ) um velhinho de barba branca que criou o Cosmos em 7 ( sete ) dias, mas a minha ideia de Deus é a de uma força criadora que trespassa a própria vida, e nos impele para o bom e criativo e positivo e belo que ela contem. Somos Vida; existirmos para crescer e multiplicarmo-nos. Não é um chavão católico, é uma maneira de estar que a nossa herança biológica carrega. Por isso, se tens dúvidas, dores, lembra-te que vais ter pasmos e maravilhas diante desses mesmos olhos, que as tuas mãos vão carregar, tocar, sentir todo o novo que o mundo novo de todos os dias vai trazer. Beijo. E lembra-te: há sempre mais tempo.

maria disse...

Muito bem... vamos lá ver o que direi agora, neste conjunto de perguntas respondidas e respostas para janelas escancaradas que aqui deixaste...
Há vários anos, o meu irmão (na altura, miudito na escola) pediu-me que escrevesse "qualquer coisa sobre Deus" - disse-me ele - que já que (eu) tinha andado num colégio devia conhecê-Lo melhor que ele...
lembro que só me sairam perguntas. Certezas de imensas dúvidas. Vazios e espaços em branco. Lembranças. Palavras à solta. Medos, alguns e angústias no trânsito de se resolverem.
Escrever sobre a idade que se tem e aquela a que nos obriga o BI é mais ou menos como escrever sobre qualquer coisa que nos transcenda... e Deus transcende.
Só por isso (não, não é que fosse preciso alguma razão, sequer que fosse preciso falar de razões mas), SÓ isto basta para perceber que estejam aqui, de mão na mão e de ideia em saltos mortais de acrobacias com desenhos de 6 e 9, a idade, o ano em que se nasceu e Deus!
Não estou a dizer nada de jeito, não é? mas também não é suposto dizer coisa com coisa se a ideia é, mais que tudo, pegar no que ali escreveste tu e deixar-me (eu) a brincar nas memórias do que terei dito algures, um dia, numa folha, ao meu irmão miúdo... talvez que ter idade antes de poder Ser exactamente como se julga desejar Ser é a coisa mais díficil da vida e (Deus especialmente) ninguém nos avisa ao nascer que, essa sim, é a tarefa árdua do viver. Por isso é que é preciso Ser Adolescente! Reparem:
Existiria alguém, na vida, mais resistente que adolescente para ultrapassar o obstáculo que é julgar poder tudo (efectivamente, tantas vezes, saber como concretizar o querer...) e não poder, verdadeiramente, quase nada?!
Ah... O que faz mover adultos é, se não sempre, "inveja" do tempo de acreditar!
;)
(o BI diz que tenho quase 40... é tolo! ;))

da.rocha disse...

'...Mas o adoro-te… está só ao alcance de
Mim e dos Outros que por aqui moram,
Daí ele preferir tal palavra tal força…
Força sim, por alguma coisa estamos aqui e
Vocês aí nesse novelo de sensações… Nós por
Cá vamos puxando a ponta, lentamente… ou
Um pouco mais rápido conforme vossos traços…

Às vezes penso se o novelo d’Ele chega ao
Fim sem que ouça algo de realmente
Verdadeiro… como o que ouvimos…
Se alguém o vir diga-lhe para subir à
Nuvem mais próxima e tropar à porta…
Depois sim, quem sabe… talvez…
Um Adoro-te...'

cada ser cada coisa até cada Homem tem o seu lugar... pra que corremos em busca do 'tropar à porta' se o nosso 'vagão' é mesmo este... ?! o errado até... um pouco de fé...
um beijo

nexinha disse...

Ele existe... em cada lua... e é bom... apenas, por vezes, escreve direito em linhas tortas... e com isso podemos aprender tanto... :) (desculpa, espreitei este teu cantinho e não resisti em comentar)*