Eu estou na minha cama. Deitada.
Atirei as almofadas para o chão.
Não puxei os cobertores. Continuam esticados, na perfeição.
Eu estou deitada. Na minha cama.
De olhos abertos.
Estou vestida. E descalça.
Consigo ouvir a chuva, lá fora. E o barulho das janelas a vibrarem com o vento.
Estou a olhar para o tecto.
Não estou a pensar em ti. Não me sinto sequer capaz de pensar.
Não quero.
Torna-se sempre mais fácil não pensar. Para não sentir...
Inclino-me ligeiramente para a mesa-de-cabeceira, ao meu lado, e desligo o candeeiro.
Deitada. De olhos abertos.
O tecto. Tão branco. Tão escuro.
Sozinha. Às escuras. A ouvir a chuva. E o vento.
Levanto-me, num impulso. Não entendo porque o faço, mas não importa.
E levanto-me.
Fico parada. Junto à cama. Em pé.
Descalça... Sinto o chão tão frio. E gosto. E quero.
Eu vejo-te. Está escuro, mas eu vejo-te.
Sentado, no chão. Encostado à parede, ali do fundo... Pernas encolhidas. Olhas para mim.
Eu, parada. Junto à cama. Em pé. A ver-te.
Eu não sei se o que vejo és tu ou se é a tua imagem na minha memória. Mas eu vejo-te. E tu olhas-me.
Começo a andar. Lá para o fundo...
Eu vejo-te. Tu olhas-me.
Caminho lentamente. Tu, cada vez mais perto a cada passo meu.
Chego a ti. Vejo-te...
Consigo distinguir cada pormenor teu.
Continuas sentado, no chão. Com as pernas encolhidas.
Eu baixo-me. Sento-me no chão, ao teu lado. Encosto-me à parede. Encolho também as pernas.
Eu olho para os teus olhos. Acho que eles olham para os meus também.
A noite. O escuro. A chuva. E o vento.
Eu vejo-te.
E, agora, podia dizer uma palavra. Agora, neste momento que parou para sempre, podia estender a minha mão e levá-la ao encontro da tua. Podia tocar a pele da tua mão.
Mas eu não sei se o que vejo és tu ou se é a tua imagem na minha memória.
Por isso, não arrisco.
Permaneço. Imóvel. Em silêncio.
E continuo a olhar para os teus olhos.
Lá fora, uma noite chuvosa. Aqui, eu a ver-te, ao meu lado.
Sentados num chão demasiado frio. Sem nos tocarmos.
Nós.
Hoje, não tenho medo do escuro.
Atirei as almofadas para o chão.
Não puxei os cobertores. Continuam esticados, na perfeição.
Eu estou deitada. Na minha cama.
De olhos abertos.
Estou vestida. E descalça.
Consigo ouvir a chuva, lá fora. E o barulho das janelas a vibrarem com o vento.
Estou a olhar para o tecto.
Não estou a pensar em ti. Não me sinto sequer capaz de pensar.
Não quero.
Torna-se sempre mais fácil não pensar. Para não sentir...
Inclino-me ligeiramente para a mesa-de-cabeceira, ao meu lado, e desligo o candeeiro.
Deitada. De olhos abertos.
O tecto. Tão branco. Tão escuro.
Sozinha. Às escuras. A ouvir a chuva. E o vento.
Levanto-me, num impulso. Não entendo porque o faço, mas não importa.
E levanto-me.
Fico parada. Junto à cama. Em pé.
Descalça... Sinto o chão tão frio. E gosto. E quero.
Eu vejo-te. Está escuro, mas eu vejo-te.
Sentado, no chão. Encostado à parede, ali do fundo... Pernas encolhidas. Olhas para mim.
Eu, parada. Junto à cama. Em pé. A ver-te.
Eu não sei se o que vejo és tu ou se é a tua imagem na minha memória. Mas eu vejo-te. E tu olhas-me.
Começo a andar. Lá para o fundo...
Eu vejo-te. Tu olhas-me.
Caminho lentamente. Tu, cada vez mais perto a cada passo meu.
Chego a ti. Vejo-te...
Consigo distinguir cada pormenor teu.
Continuas sentado, no chão. Com as pernas encolhidas.
Eu baixo-me. Sento-me no chão, ao teu lado. Encosto-me à parede. Encolho também as pernas.
Eu olho para os teus olhos. Acho que eles olham para os meus também.
A noite. O escuro. A chuva. E o vento.
Eu vejo-te.
E, agora, podia dizer uma palavra. Agora, neste momento que parou para sempre, podia estender a minha mão e levá-la ao encontro da tua. Podia tocar a pele da tua mão.
Mas eu não sei se o que vejo és tu ou se é a tua imagem na minha memória.
Por isso, não arrisco.
Permaneço. Imóvel. Em silêncio.
E continuo a olhar para os teus olhos.
Lá fora, uma noite chuvosa. Aqui, eu a ver-te, ao meu lado.
Sentados num chão demasiado frio. Sem nos tocarmos.
Nós.
Hoje, não tenho medo do escuro.
28 Março 2005