Primeiro chegas no teu jeito destinado a ganhar, entras num comboio, desces: queres ficar.
Sentas-te na cama, eu canto uma canção sobre as coisas serem o que são.
Fumamos à varanda com a Lua a subir, tu danças no escuro, fazes-me sorrir. E largas roupas pelo meu chão, tens o mundo todo na mão...
Sempre que te vejo, ena, eu deixo de respirar. Paro no desejo de que o teu beijo me encontre, e não quero acordar...
Depois tu vens cantar comigo, vens sonhar no meu colchão, beber do meu vinho, comer do meu pão. Fazer-me girar no teu carrossel, viciar-me no aroma da tua pele...
Partimos em viagem, paramos p'ra dormir, sussurras-me umas coisas que eu nem posso repetir... E sais para a rua por estar a chover, pões-te em pose, eu fico a ver.
E sempre que te vejo, ena, eu deixo de respirar. Paro no desejo de que o teu beijo me encontre, e não quero acordar...
Até que um dia tu tens-me, por momentos, um sinal... Dás mais umas piruetas, mas já nada é igual. Perguntas-te o que pode estar p'ra acontecer e não parece difícil saber.
Agora tu estás longe, encontraste onde ficar e eu não, eu não, não me posso queixar. Acordo com o Sol, refresco com o luar e vivo do que a vida tem para me dar.
Mas sempre que te vejo, ena, eu deixo de respirar. Paro no desejo de que o teu beijo me encontre, e não quero acordar...
Não, não quero acordar... Não não, não não, não não...
Jorge Cruz